Johnny dos Santos

quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

Entrevista com o Vampiro

Depois de uma história relatada aqui em primeira mão no PL, conseguimos finalmente autorização para entrar no hospital e entrevistar esta “obscura” figura. De caneta em punho e algumas perguntas na cabeça lá seguimos literalmente em direcção ao desconhecido. Eram pouco mais das 18 horas quando saímos de casa, a noite aproximava-se a passos largos e uma pequena névoa cobria os campos por onde passávamos, “- Ninguém vem para aqui” pensámos. Ao fundo da estrada e aos poucos começava a desenhar-se a silhueta de uma grande casa, o Hospital “Aqui Não Se Fazem Milagres” estava á vista. Chegámos, estacionámos á entrada, um espaço amplo em terra batida com algum mato seco em volta. No parque estavam 3 carros, uma ambulância que realmente não parecia fazer muito mais do que serviço de cama para os muitos gatos que descansavam no tejadilho. Um pequeno “todo-o-terreno”, e um um outro carro mais pequeno ainda que de tão pequeno não conseguimos identificar a marca.
Caminhámos até á porta, estava encostada, . De dentro saiu uma rapariga vestida de preto, vinha com um ar um pouco perdido…
- Miauuuuu, gritou ela por fim, e numa corrida foi deitar-se em cima da ambulância…

- Mas que lugar… Pensámos.

Finalmente a recepção, com um ar muito antigo e com pó por todos os lados, numa placa lia-se:

“ Hospital “Aqui Não Se Fazem Milagres”
Pedimos a todos os familiares e amigos dos poucos que aqui se encontram que sejam pacientes, o tempo aqui passa muito devagarinho, os minutos parecem horas, as horas dias e adiante… Neste centro hospitalar só se encontram os que não desejam ser tratados ou os que se sentem bem com o seu estado de saúde, pede-se pois a compreensão das visitas para qualquer coisinha mais fora do comum que aqui possam encontrar. Somos tão pobrezinhos que tivemos que despedir a recepcionista, como tal a casa ficou entregue aos seus habitantes e ao caseiro que toma conta da bicharada. Ups… Dos doentes!”

- Bonito! E agora onde é que o encontramos?
- Podíamos perguntar aquela miúda. Foi o único ser vivo que eu vi até agora!
- Bah! Não falo siamês!

Ao fundo do corredor aparece como por milagre o nosso entrevistado, o “Vampiro Guerreiro e Cantor”, uma das primeiras grandes vedetas deste blog merecia uma segunda oportunidade para dar o seu ponto de vista, aliás, todos merecemos uma segunda oportunidade não é? Lá fora já tinha escurecido, mas o nosso amigo vinha com os seus óculos escuros, igual a si próprio como se de facto os anos não interessassem para nada. Trazia uma pequena palmeira na mão e caminhava furtivamente junto á parede!. Olhámos uns para os outros e sorrimos pois aquela figura era de facto deveras familiar. Por fim aproximou-se:

- Buh! Apanhei-vos… confessem não estavam á espera…
- Sim, claro, que susto.
- Vieram ouvir-me cantar? Sabem uma coisa? Vou dar um concerto hoje!
- Sim, nós vimos a confusão na entrada…!?
- Conseguiram lugar para estacionar?
- Difícil, e para entrar também, mas tu és um gajo influente, dissemos que somos teus amigos e o porteiro saiu da frente!
- Eu disse-vos que ia ser um sucesso!
- Vais ser um sucesso, pelo menos vais continuar tão famoso como tens sido.

-Pois…

Passado um pouco e depois de por instantes se ter instalado um estranho ambiente onde ninguém sabia bem o que dizer, finalmente um de nós resolve tomar o pulso à situação:

- Viemos ver como estavas e fazer umas perguntas.
- Tudo bem, não tenho medo de nada, e tenho todo o tempo do mundo. HAHAHAHA
- Fumaste alguma coisa? Pergunto eu entre o espantado e o morto de riso.
- Não, faz parte da imagem, fica bem não fica? Dá um ar cavernoso!
- Sim claro, és o rei da caverna!
- Bom, vieste ofender-me?
- Não, que ideia mais absurda… Que tens feito da vida?
- Não vês? Sou o responsável pelo hospital, tomo conta da malta, mantenho-os felizes com os meus longos discursos sobre amizade, justiça e responsabilidade, de como temos de fazer sempre a coisa certa por mais que nos custe… Sim porque falar disto eu sei.
- Hum… e as palestras? Muita audiência?
- Nem por isso, poucos mas de qualidade, existem sempre aqueles que se negam a ouvir a palavra de Deus e por isso não me ouvem, preferem outros caminhos como se vestirem de amarelo e laranja, de usarem várias peças de roupa diferentes, esses são excomungados… Reduzidos a nada pela minha enorme influência! Mascarar-me de cigano faz parte da imagem!
- Será que ainda não reparaste que ninguém te liga nenhuma? Que mesmo os teus cada vez te ligam menos?
- Que é que queres dizer com isso?
- Nada… pensa… Adoro deixar-te a pensar, aliás, todos adoramos… tem piada!
- Que mal tem querer ser aquilo que sempre imaginei poder ser?
- Nenhum meu amigo do dentinho afiado, não percas é tanto tempo da tua “vida” a pensar que alguém se importa com isso! Cada pinga de irritação tua é mais uma gargalhada no mundo da malta laranja, mas estás á vontade!
- Vocês têm inveja de mim…
- De viver nesta bolha e ter que passar o dia a varrer? Eu não sou a carochinha! Pobre homem deixa que te diga uma coisa, existe um mundo lá fora, uma quantidade de pessoas normais, com quem podemos evoluir e ser felizes, sem nos preocuparmos todos os dias com o que estão a fazer, ou falar, pessoas que não têm o mínimo interesse.
- Mas este é o meu mundo, eu lutei por ele, e ninguém o vai destruir!
- Ninguém precisa de destruir o teu mundo meu amigo do sótão! O teu mundo estava condenado muito antes de ter nascido, era certo que um dia ia aparecer um grande carro branco com letras azuis, uma luz em cima e a fazer tinóni e ia querer que fosses passear com eles… Ou não acreditas no destino?
- Vocês não têm medo nem inveja de mim? Não vos meto respeito?
- Não temos medo de ciganos e não nos preocupamos com pessoas e coisas que não interessam, mas tu és uma estrela, dás vontade de rir, aliás, daqui a uns tempos, se não melhorares nós passamos cá, ou então aparece lá tu, vais de noite e vais a voar! Que tal?

Pensa meu amigo pensa…

Ass: Duck Van Helsing

1 comentário:

Anónimo disse...

Que historias, que historias..!!!
:)
eu deste lado só me rio.
Mas era esse o objectivo, não era?